Quem é quem no BDSM?

Sanchez
9 min readJan 22, 2021

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Se você chegou agora ou então passou um tempo afastado do BDSM, deve ter encontrado uma coleção de nomes diferentes: TOP, Bottom, Submisso, switcher, Deus, Dominatrix, Dominador, BRAT etc. E para diferenciar quem é quem no BDSM?

Nesse texto, abordarei os tipos de TOP, Bottom e Switchers, além do conceito de Baunilha dentro do BDSM e no final darei algumas dicas sobre como saber qual posição você deve escolher!

Sabemos que BDSM significa:

BD = Bondage (servidão) e Disciplina, É o mundo da restrição física, disciplina, treinamento e punição.

DS = Dominação e Submissão, praticamente autoexplicativo: é a parte do BDSM que contempla o mundo da obediência, do servir, da troca de poder e da humilhação.

SM = Sado masoquismo é o mundo da dor física, da degradação, do medo etc.

Podemos dividir os praticantes em dois lados (se contar o Switcher, que é os dois lados ao mesmo tempo): TOP e Bottom e dentro dessas categorias é que se encaixam os Dominadores; Mestres de escravos, Submissos, Brats, SAMs e outros mais, dos quais falarei abaixo.

TIPOS DE TOP

Como já foi dito acima, TOP é quem está acima na hierarquia, quem aplica a ação ou é a parte ativa do processo.

DOMINADOR/ DOMINATRIX

Juntamente com submisso, essa é a classe mais famosa e talvez a mais antiga dentro do BDSM. Dominadores apreciam estar no comando da sessão ou de parte da vida do submisso. Ser dominador tem mais a ver com quem decide o que acontece na cena do que com o que acontece.

A autoridade do dominador sobre o submisso deve ser negociada previamente, sendo que o submisso deve definir os aspectos onde o a autoridade do dominador deve existir, limitando o poder do dominador nas partes não negociadas

Alguns dominadores preferem que seus submissos sejam totalmente obedientes enquanto outros apreciam uma submissão mais rebelde e de tomar o controle pelo uso da força.

Master e Mistress — Mestre, Amo, Feitor ou Dono.

Alguns autores traduzem o termo master para Mestre. Isso não é totalmente errado, visto que é uma tradução literal, mas nesse caso, acho que a melhor tradução seria algo como “feitor”, “amo” ou ainda “dono”, contudo o termo “dono” também pode ser utilizado para pet play.

Seja qual for a tradução, os Masters recebem o controle total da vida de seu escravo e todas as responsabilidades que vem com eles. É uma prática que vai além da dominação pois a troca de poder costuma estar presente 24/7 e em quase todos os aspectos da sua vida.

A autoridade do mestre sobre o escravo deve ser negociada previamente, sendo que o escravo deve definir os aspectos onde a autoridade do mestre não deve existir, limitando o poder do mestre nas partes negociadas (Por exemplo: a vida profissional, acadêmica, familiar e religiosa do escravo).

O foco do Master deve ser criar um ambiente seguro e ideal para a servidão de seu (ou seus) escravos.

Dono:

Há duas opções para o uso do termo “dono”. Uma é como sinonimo para Mestre/amo ou feitor(de escravos) e outra é como o dono ou proprietário de um animal de estimação.

Os donos possuem seus animais de estimação e assumem a responsabilidade sobre eles durante 24 horas por dia/7 dias por semana, sendo que o sexo não está necessariamente envolvido na prática.

Em muitos casos, o dono fornece acessórios para a interpretação dos papéis: Gaiolas, jaulas, potinhos para comida, coleira, plugs com cauda e diversos outros acessórios podem ser utilizados para a dramatização etc. Falarei sobre Pet Play e sua infinidade de papéis em breve!

Brat Tamer ou domador de BRAT.

O domador de BRAT é o dominador que gosta de lidar com submissos rebeldes. A desobediência é vista como uma brincadeira ao invés de uma forma de grosseria.

É claro que, embora ele não se ofenda de verdade com as ofensas e rebeldias da BRAT, deverá ensinar a ela se comportar e isso geralmente envolve punições e castigos bastante criativos. O Temer pode, por exemplo, castiga-la fisicamente com açoite, ou simplesmente priva-la de algo que ela gosta de comer (ou dar um golpe e derrubar a presidente, se você errar a vogal do nome).

Primal- Hunter (caçador ou predador)

Predadores focam em seus instintos primitivos e gostam de deixar seu animal interior durante o sexo. O principal ponto do Primal Play é deixar fluir as emoções primitivas durante o jogo.

Joga-se a liturgia, protocolos e papéis no lixo e a presa se torna um indefeso anima, que rosna, ruge e arranha para escapar das garras do predador.

Sádico:

Sádico é quem gosta de aplicar a dor em um masoquista, mas não necessariamente pelo uso do chicote. O Sádico pode usar sua criatividade para torturar (normalmente sexualmente) seu submisso, com práticas que variam entre o spanking até eletrotortura, wax play, sufocamento, uso de grampos, cortes e até o uso de marcação a ferro quente, dependendo, é claro, do nível de sadismo e de masoquismo dos praticantes.

Rigger:

A tradução literal da palavra Rigger seria algo como “aparelhador”. Dentro do BDSM, os Riggers gostam de amarrar e imobilizar seu parceiro das mais diversas formas, seja com cordas, espaçadores, correntes ou até com camisas de força.

A finalidade pode ser sexual, artística ou apenas por diversão, o importante para o rigger é ter seu parceiro totalmente imóveis.

Dentro da “categoria” Rigger, existe o Nawashi (縄師) que significa “mestre das cordas) ou Kubakushi (緊縛師), que significa “mestre na arte de amarrar apertado”. Por vezes o termo é traduzido como shibarista ou mestre shibari. Não vou me aprofundar no termo, afinal, o shibari é uma arte japonesa complexa, cheia de nomenclaturas específicas que merecem ser abordadas em outra oportunidade.

Degrader

Degradadores são os tops da Degradação. Eles gostam de degradar e humilhar seus parceiros (puxa vida! Sério?). As práticas são as mais variadas: desde xingar ou fazer seu parceiro utilizar um acessório ridículo durante uma social, até utilizar ele como banheiro; faze-lo lamber privada ou, o que considero mais degradante, humilhante e constrangedor: usar uma camisa escrito “Bolsomito 2022”.

DEUS

Deuses e deusas são os TOPs que não se conformam em apenas ter o bottom como seu submisso ou escravo, ele quer a adoração de seu submisso, como se fosse uma divindade.

O deus quer ver seus fieis ajoelhados a seus pés, fazendo-lhe oferendas e venerando sua presença.

TÍTULOS DE NOBREZA (REI, RAINHA, DUQUE, BARÃO ETC)

Em cenas maiores, onde se adota uma liturgia, há a possibilidade de se estender a hierarquia entre os tops. O líder do clã, geralmente é referido como “REI” e os demais com outros títulos de nobreza, de acordo com a liturgia do local.

No caso, o Rei ou a Rainha está em uma posição superior da hierarquia e cabe a ele decidir como funcionará o protocolo ou liturgia dos eventos.

TIPOS DE BOTTOM

Se o TOP é quem aplica a ação, o bottom é a parte de baixo da hierarquia, ou seja, é quem se submete voluntariamente ao poder do TOP e assim como eles, há diversas subdivisões para os bottom:

SUBMISSO:

Juntamente com dominador, essa é a “classe” mais famosa e talvez a mais antiga dentro do BDSM. Submissos apreciam dar o controle da sessão ou de parte de sua vida para o dominador.

A autoridade do dominador sobre o submisso deve ser negociada previamente, sendo que o submisso deve definir os aspectos onde o a autoridade do dominador deve existir, limitando o poder do dominador nas partes não negociadas

Enquanto alguns submissos preferem serem totalmente passivos e obedientes, outros preferem ser dominados através da força física.

Slave ou escravo

Enquanto o submisso escolhe quais partes da sua vida entregará nas mãos de seu TOP, o slave escolhe as partes que NÃO vai entregar a seu dono. É uma entrega bem mais profunda, comumente com entregas totais de poder 24 horas por dia e 7 dias por semana. .

A autoridade do mestre sobre o escravo deve ser negociada previamente, sendo que o escravo deve definir os aspectos onde a autoridade do mestre não deve existir, limitando o poder do mestre nas partes negociadas (Por exemplo: a vida profissional, acadêmica, familiar e religiosa do escravo).

O foco do escravo deve ser servir a seu dono, os limites são mínimos e sua vida deve ser focada em fazer seu dono feliz.

Masoquista:

Masoquistas são quem gosta de sentir certos tipos de dor, independentemente da sua tolerância a dor. Os níveis de dor e os tipos de prática podem variar muito entre os masoquistas.

Degradadee (“degradado” )

Degradee são os bottoms da degradação. Eles gostam de serem humilhados, rebaixados, constrangidos e/ou degradados por seus parceiros. As práticas são as mais variadas: servir como objeto, móvel ou brinquedo; lamber os sapatos sujos do top, servir como banheiro do top. São como os babões de bilionários da internet, por exemplo.

PET (animal de estimação):

Existem diversos pets dentro do pet play, tanto que isso merece um post separado. Os mais comuns são: Cachorro, Filhote de cachorro, Gato, raposa e cavalo.

O Pet gosta de ser o animal de estimação do dono, sendo tratado como tal: recebendo carinho ou sendo adestrado corretamente, dependendo de seu comportamento. Ah! e não é necessariamente uma prática sexual!

O animal a ser escolhido varia mais da criatividade dos pares do que de uma regra em geral, ou seja, nada impede de você ter um pet play de peixe dourado, iguana, coruja, sapo-olhudo-mexicano-do-sul-do-sri-lanka, pokemon, dinossauro ou unicórnio.

Obviamente, pet play não faz apologia a sexo com animais, mas sim ao comportamento animalesco dos participantes.

BRAT

Quando Deus inventou o submisso, o diabo ficou com inveja e fez o BRAT. Enquanto o primeiro é respeitoso, submisso e obediente, o segundo é rebelde, respondão e exige ser disciplinado (muitas vezes a força).

Rem resumo, brat é o submisso travesso, desobediente e gostam de irritar o dominador. Tais criaturas exigem dominadores compatíveis que estejam dispostos a educar e punir, quantas vezes for necessário

S.A.M — Masoquista espertinho

Masoquista espertinho é aquele que provoca o dominador apenas para ser punido com spanking ou outra prática que ele goste, mas ao contrário dos BRAT, eles não sentem prazer em irritar seu dominador.

Primal — Prey (Caça ou Presa)

Assim como os predadores, as presas focam em seus instintos primitivos e gostam de deixar seu animal interior durante o sexo. O principal ponto do Primal Play é deixar fluir as emoções primitivas durante o jogo.

Joga-se a liturgia, protocolos e papéis no lixo e a presa se torna um indefeso anima, que rosna, ruge e arranha para escapar das garras do predador. Lembre-se: Na reversal russa, o predador caça VOCÊ.

Rope Bunny

Rope bunny é quem se amarra em ser amarrado, imobilizado e as vezes vendado com os mais diversos acessórios (Correntes, cordas, algemas, barras etc)

A finalidade pode ser sexual, artística ou apenas por diversão, o importante para o rope bunny é estar totalmente a mercê de seu parceiro

Dentro da “categoria” Rope Bunny, existe o DOREI (奴隷), que é o nome dado a quem é amarrado durante o shibari. O termo, na verdade, significa escravo em Japonês. Não vou me aprofundar no termo, afinal, o shibari é uma arte japonesa complexa, cheia de nomenclaturas específicas que merecem ser abordadas em outra oportunidade.

Switch

Se você chegou ao fim, pode estar se perguntando: E aquela galera que gosta de variar de posição em relação a isso? Bom, essas pessoas são chamadas de switchers e dentro dessa categoria, temos os experimentalistas, que precisam experimentar de tudo.

Qual posição eu devo escolher?

Se você leu atenciosamente todas as posições, pode ser que tenha ficado em dúvida sobre qual será a melhor posição para você, não é verdade? Não existe um guia fácil como uma receita de bolo ou um passo a passo, mas existem algumas ferramentas que podem te ajudar a se localizar. São elas:

  • Estude ! Leia muito sobre as posições no BDSM; sobre as práticas e escolha as que mais te interessam
  • Não tenha medo de experimentar. Se você é dominador e tem vontade ou curiosidade de estar na outra ponta do chicote, não há problema! Permita-se explorar este mundo das duas formas
  • BDSM TEST. Se você fala inglês, há um teste que pode nortear suas práticas. Acesse http://bdsmtest.org . Há uma tradução do teste no próprio site, mas, como toda tradução automática, há falhas nela.

Conclusão:

Lembre-se que todo mundo é diferente. Não existe só uma maneira de praticar seus fetiches. Sendo consensual, você pode ser o que quiser.

REFERÊNCIAS:

http://akiranawa.com/glossario

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